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Artigo: 'A moral que desaba junto com os corpos', por Oliveiros Marques

há 12 horas

Oliveiros Marques

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Artigo: 'A moral que desaba junto com os corpos', por Oliveiros Marques
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Há momentos em que a história cobra de um governante não apenas explicações, mas humanidade. O massacre recente no Rio de Janeiro, com mais de 120 mortos - entre eles quatro policiais enviados à morte por Claudio Castro - é um desses momentos. O governador do Rio, ao tentar transformar uma tragédia em discurso eleitoral revela o que há de mais podre na retórica de poder que confunde sangue com autoridade e violência com governo.

Não há moral possível num Estado que celebra operações letais como vitórias. Não há honra em comandar uma polícia que entra em comunidades pobres praticando execuções, deixando corpos no chão e famílias em desespero. O que se vê é a falência completa de uma política pública que há décadas insiste no mesmo erro: combater o crime organizado com extermínio, quando o próprio Estado é parte do problema.

Castro e seus aliados - os mesmos governadores que posam para fotos falando em “defesa da ordem” - deveriam olhar para seus próprios territórios. Sob seus governos, o crime organizado se expande, diversifica-se, assume o controle de territórios e economias locais. Onde o Estado deveria estar presente com escolas, saúde e oportunidades, está ausente. Mas quando é para atirar, ele chega - pesado, barulhento, e com alvos bem negritados: pobres e pretos.

A tragédia do Rio é mais do que um episódio isolado. É a consequência direta de uma política que se alimenta da morte. Governadores que apoiam ações como essa não o fazem por ignorância: fazem por cálculo político. Apostam na narrativa da guerra, porque ela rende votos entre os que confundem força com coragem e covardia com justiça. No entanto, a moral - essa palavra tão cara ao discurso conservador - não sobrevive à constatação do óbvio: o Estado que mata é o mesmo que se omite quando precisa proteger.

E há um agravante: a hipocrisia armamentista. Muitos desses governadores defenderam, nos últimos anos, a liberação irrestrita de armas sob o manto da “liberdade individual”. Estimularam os CACs, abriram brechas legais, e fingiram não ver que grande parte dessas armas acabou nas mãos do crime. Alimentaram o monstro que agora dizem combater.

Falam em moral, mas o que praticam é a imoralidade institucionalizada. Falam em segurança, mas entregam o caos. Falam em combate ao crime, mas perpetuam a violência. E, no fim, o que sobra são os mortos - os da favela e os da farda -, todos vítimas de uma política sem alma e de um governo sem compaixão.

A moral de Claudio Castro e de seus cúmplices não está nas palavras que repetem diante das câmeras, mas nas covas que crescem no Rio de Janeiro. Porque quem manda matar e chama isso de “governar” não é líder - é apenas mais um agente da barbárie travestido de autoridade.

Enquanto esses governadores disputam quem grita mais alto por “segurança”, o crime organizado cresce, governa e lucra. Talvez porque, no fundo, tenham aprendido com eles: a vida, no Brasil, vale pouco - e a moral, menos ainda.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político

*Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do Portal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos termos e problemas brasileiros e mundiais que refletem as diversas tendências do pensamento

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