há 8 horas
Carlos Solek
Corridão
Ainda não caiu a ficha do Bananinha e do neto de ditador de que, para o governo Trump, eles não são absolutamente nada. Essa semana, os dois foram lá – vira-latear com o rabo abanando - tentar fazer gracinha no Departamento de Estado norte-americano, na esperança de melar a reunião entre Marco Rubio e o chanceler brasileiro Mauro Vieira. O assunto? O tarifaço que eles mesmos estimularam os norte-americanos a empurrar goela abaixo dos brasileiros. Resultado: levaram um belo “sai pra lá”. A conversa agora é outra. Os Estados Unidos decidiram falar com o Brasil - não com os mascotes golpistas.
Fariseus
O que foi aquela cena dos dublês de pastor e deputado fazendo oração pela anistia dos golpistas? Para além do desastre métrico e rítmico, um verdadeiro espetáculo de cinismo. Eles saem dos púlpitos direto para os plenários, levando junto o teatro da fé e o mesmo tom de voz messiânico - só que agora pregam a salvação dos próprios comparsas. Usam o nome das “tiazinhas do zap” e da “mocinha do batom” como se estivessem defendendo o povo, mas no fundo querem enganar até Deus. O único milagre que buscam é libertar o inelegível.
Prigione
E a Zambelli? Sim, ela mesma - aquela que saiu correndo atrás de um jornalista negro em São Paulo - agora apelando para a Corte Interamericana na Costa Rica. Pois é. A “Espanhola” anda revirando o “esterco da vagabundagem”, como diria o seu líder - o golpista inelegível que sempre tratou direitos humanos como coisa de bandido. Ironia das ironias: agora é ela quem recorre a eles. Reclamando das condições da prisão italiana onde está recolhida desde julho, quando ainda acreditava ser intocável no país da Bota.
Blindagem
O Ministério Público de São Paulo parece ter encontrado digitais do governo Tarcísio de Freitas em falcatruas da Secretaria de Agricultura do Estado. A atual gestão, ao que tudo indica, tentou segurar a onda das investigações. Segundo as apurações do MP-SP, o secretário Guilherme Piai teria afastado servidores que denunciaram o “mete-mão” e ainda mandado arquivar apurações internas. Um desses servidores, dizem, chegou a avisar pessoalmente o governador. Eita. Aí tem coisa.
Conivência
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, resolveu assumir de vez uma postura de cumplicidade com a tentativa de golpe do bolsonarismo. Em entrevista nesta semana, soltou a pérola: segundo ele, o inelegível não poderia ter tentado o golpe porque estava fora do país. Alguém precisa avisar o cidadão - aquele que começou o mandato todo engraçadinho nas redes, tomando uísque direto da garrafa - que, embora a Terra seja redonda, o mundo é plano. E, nesse mundo, o comando pode muito bem ter sido dado à distância.
O afastamento de Bolsonaro do campo de ação, entre sua saída e o 8 de janeiro, tem muito menos a ver com conivência e muito mais com o que ele sempre teve de sobra: covardia.
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político
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