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Artigo: 'A mitomania nos púlpitos', por Oliveiros Marques

há 6 horas

Redação

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Artigo: 'A mitomania nos púlpitos', por Oliveiros Marques
Foto: Divulgação/Polícia Federal
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Talvez fosse melhor titular este artigo: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!”. Ou os bispos e pastores sérios - sim, eles existem - e os fiéis verdadeiros à Palavra condenam e expurgam os fariseus de suas fileiras, ou a hipocrisia destes arrastará a todos para o mesmo fogo do inferno. A impostura reina entre certos “líderes” religiosos que, tal qual atores em busca de aplauso, encenam uma devoção que não praticam e fazem da fé palco para interesses inconfessáveis. Sob o figurino da devoção de ocasião, vendem milagres de catálogo, bênçãos em parcelas e uma moral seletiva que não resiste a um raio de luz.

Que os fiéis autênticos sigam Mateus e se libertem do caminho que os afasta, dia após dia, de Deus - caminho pavimentado por falsas doutrinas que conduzem a uma perdição ainda maior do que a dos próprios fariseus. Os pesados fardos que esses mercadores impõem transformam quem os segue em cúmplice de proselitismo mesquinho e de falsidade religiosa. “Atam fardos pesados e difíceis de levar e os põem aos ombros dos homens”, diz a velha advertência. Nada envelheceu: continua atualíssima.

No Brasil, exemplos não faltam de fariseus que mercantilizam a fé de gente sincera para erguer fortunas e castelos de poder. Nesta semana, mais uma máscara esfacelou-se no chão da verdade: o prefeito “tiktoker”, dublê de pastor e fanfarrão Rodrigo Manga foi afastado do cargo, acusado de desviar recursos da prefeitura de Sorocaba destinados à saúde. Segundo as investigações, empresas de um amigo e da própria esposa teriam servido de lavanderia para dinheiro público surrupiado - crime perante a legislação criminal brasileira e afronta à Lei Mosaica. Como ensina também o Evangelho de Mateus: cuidar dos enfermos e necessitados é cuidar do próprio Jesus; desviar dinheiro destinado aos doentes para planilhas e contratos pessoais é profanar o altar.

O script do mitômano oportunista é conhecido. Surpreendido com a boca na botija, corre às redes para vender à sua bolha informacional a velha narrativa da perseguição política: “sou vítima porque represento uma ameaça”. É o truque do mágico cansado - muita fumaça, nenhum milagre. Em estudos recentes sobre percepção pública, esse tipo de figura aparece com alto reconhecimento e baixíssima confiabilidade: barulho não se converte em crédito moral, curtida não vira caráter.

A verdade é que Rodrigo Manga, como tantos outros, pratica a doutrina do “não faço o que digo - e não digo o que faço”. Precisa responder, com objetividade e devido processo, às acusações de desvio de verbas da saúde de Sorocaba. E a comunidade de fé - a que não se dobra ao bezerro de ouro - tem responsabilidade nesse combate: é dentro dos templos, nos conselhos, nos ministérios e nas lideranças locais que a idolatria do poder precisa ser desmascarada. Fé não é biombo para caixa-preta, púlpito não é escudo para blindagem, Bíblia não é contrato de imunidade.

Se os fiéis calarem, a impostura falará por todos. Se as igrejas sérias se omitirem, a praça será dos mercadores. O chamado é antigo e urgente: separar o sagrado do espetáculo, devolver a verdade ao centro, lembrar que a religião que vale “visita órfãos e viúvas nas suas tribulações” e não “devora as casas das viúvas recitando longas orações”. É tempo de levantar o véu. Fariseus, fora do templo. E que a fé volte a ser fé - sem palco, sem truque, sem farsas.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político

*Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do Portal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos termos e problemas brasileiros e mundiais que refletem as diversas tendências do pensamento

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