há 4 horas
Redação

A disputa em torno do Projeto Antifacção abriu uma fissura significativa entre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ). A tensão, avaliam líderes do Centrão, deve respingar diretamente na articulação política do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pode comprometer o avanço da PEC da Segurança Pública, proposta pelo Planalto para reestruturar o setor.
Interlocutores dos dois parlamentares relatam que não há clima para diálogo. Os atritos, que vinham se acumulando diante da postura de Lindbergh de judicializar disputas internas, explodiram após a escolha de Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do PL Antifacção. Derrite é secretário de Segurança de São Paulo no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e figura de oposição a Lula.
Segundo informações do portal Metrópoles, para aliados de Motta, a derrota no episódio poderia ter se limitado ao PT, mas o governo decidiu “comprar briga” ao aderir ao discurso de Lindbergh contra a relatoria entregue a um opositor. Já petistas consideram que o presidente da Câmara agiu para enfraquecer uma pauta sensível ao governo ao entregar o texto a alguém com interesse em barrar avanços do Planalto na área de segurança.
A crise ganhou contornos públicos quando Lindbergh afirmou que houve “quebra de confiança” com Motta após a aprovação do projeto. Na base governista, há queixas de que o PL Antifacção pode sufocar financeiramente a Polícia Federal, entre outros pontos sensíveis. Motta, por sua vez, declarou nas redes sociais que o governo errou ao se posicionar contra a proposta.
Lindbergh confirmou que não procurou Motta desde a votação, embora tenha o cumprimentado durante a análise do texto. “Vou continuar defendendo a minha posição e a posição do partido”, afirmou. Motta não se manifestou até o fechamento da reportagem.
A disputa não deve parar por aqui. O Projeto Antifacção seguirá para o Senado, onde deve sofrer alterações e retornar para nova análise na Câmara — cenário que promete reabrir o conflito.
PEC da Segurança sob risco
Lideranças do Centrão afirmam que, diante do desgaste, o ambiente na Câmara não é favorável ao avanço da PEC da Segurança Pública nos moldes pretendidos pelo governo. A proposta está sob relatoria de Mendonça Filho (União-PE), parlamentar de oposição, porém considerado de perfil moderado. A avaliação, porém, é que o embate entre Motta e Lindbergh deve dificultar as negociações e reduzir a margem de manobra do Planalto.