há 3 horas
Amanda Martins

Durante as apurações que investigam se o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil) teria vazado informações da Operação Zargun para Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, a Polícia Federal (PF) descobriu uma relação de forte proximidade entre os dois. A corporação chegou à conclusão após a quebra do sigilo telemático do ex-parlamentar, preso em 3 de setembro por tráfico de drogas e por sua ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Entre os elementos reunidos pela PF, chamou atenção o fato de Bacellar aparecer como primeiro contato de emergência na lista mantida por TH Joias, que se referia ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) como “01”. Segundo o Metrópoles, os investigadores, na noite de 2 de setembro, menos de 24 horas antes da operação, TH passou a trocar mensagens com um número de DDD da Paraíba e organizou uma lista de contatos urgentes, com Bacellar no topo.
Ligação com o Comando Vermelho
As investigações identificaram um esquema de corrupção envolvendo lideranças do CV no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos. Entre os nomes citados pela PF estão um delegado da própria corporação, policiais militares, um ex-secretário municipal e estadual, além de um deputado estadual empossado em 2024.
De acordo com o inquérito, TH Joias utilizava o mandato para intermediar interesses da facção, participando da compra e venda de drogas, fuzis e até equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão. Ele também mantinha contato direto com a cúpula da organização criminosa, incluindo Edgard Alves Andrade, o Doca.
Operação Unha e Carne
Após a prisão de TH, a PF passou a investigar se Bacellar havia colaborado com o vazamento de informações que permitiram ao ex-deputado eliminar provas um dia antes da deflagração da operação. A apuração resultou na prisão preventiva do presidente da Alerj.
Na decisão que autorizou a medida, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes apontou fortes indícios de que Bacellar integra uma organização criminosa no Rio de Janeiro. “Os fatos narrados pela PF são gravíssimos, indicando que Rodrigo Bacellar estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de potencializar o risco de continuidade delitiva e de interferência indevida nas investigações da organização criminosa”, afirmou Moraes.