por Michelle de Geus

Sebastião Rosa, sócio-proprietário da tradicional lanchonete Biba’s, não esconde o orgulho de ter se tornado referência no segmento em Ponta Grossa e de ter sido um dos primeiros a fazerem hambúrgueres artesanais na cidade. Tudo começou no ano de 1974, quando os amigos Luiz Alberto Biscaia e Renato Degraf decidiram montar uma lanchonete que eles mesmos pudessem frequentar. “Os dois foram até a minha casa e me convidaram para trabalhar com eles. Na época, tinha uma lanchonete chamada Tipiti Dog fazendo muito sucesso em Curitiba, e eles levaram o cardápio perguntando se eu sabia fazer”, conta Tião, como é conhecido. “Eu respondi que sim, mas, quando eu li o cardápio, na verdade, eu não sabia nada”, lembra, aos risos. Tião, que é filho de cozinheira e sempre teve noções de gastronomia, decidiu improvisar. “Peguei o peito de frango, cortei em pedaços, temperei, pus na chapa, coloquei o queijo em cima e dei para eles experimentarem. Todos adoraram. Foi assim que surgiu o X-Frango do Biba’s, com o frango em pedaços, que é uma criação minha”, recorda. O Biba’s iniciou as atividades em uma pequena porta perto da Catedral Sant’Ana, na praça Marechal Floriano Peixoto, e o sanduíche fez tanto sucesso que Tião foi homenageado no nome da lanchonete. “O nome Biba’s vem daquela época. O Bi é de Biscaia e o Ba’s é de Sebastião”, revela. Durante cerca de três anos, Tião trabalhou como chapeiro até assumir o comando do Biba’s. “Como esse ramo de lanchonete é muito desgastante, eles [Luiz Alberto Biscaia e Renato Degraf] se desinteressaram e me ofereceram o negócio. Eu comprei e estou aí até hoje”, relata. “Não foi nada planejado, foi algo que surgiu para mim e eu fui levando. Eu não tinha experiência empresarial nenhuma, mas o negócio caiu na minha mão e eu fui aprendendo no dia a dia”, aponta, acrescentando que nunca tinha pensado em trabalhar com gastronomia. “Pode até parecer estranho, mas eu queria ser mecânico. Na época, a minha atenção estava voltada para isso”, conta. Presença que inspira Tião declara que a maior inspiração no início de sua trajetória como empresário foram justamente os amigos que o levaram a fazer o primeiro sanduíche. “A presença deles foi determinante, mas não só deles, da turma toda. Eram eles que frequentavam, falavam para os outros e divulgavam o negócio”, explica. Outra grande inspiração do empresário são os clientes, que muitas vezes se tornam amigos. “As pessoas fazem questão de retornar para lembrar algum momento, e, quando eu não estou, elas deixam um bilhetinho dizendo que passaram por aqui”, relata. “O meu prazer é que a pessoa venha, coma e saia satisfeita. Eu fico ali no caixa, porque eu gosto de observar a fisionomia das pessoas, e nós sabemos quando o cliente está saindo satisfeito”, pontua, acrescentando que o segredo é não trabalhar apenas pelo dinheiro. “O que mais me inspira é quando as pessoas acessam o meu estabelecimento e saem felizes. Isso me enche de orgulho”, destaca. Eternamente grato Atualmente, o Biba’s conta com uma sede própria na avenida Bispo Dom Geraldo Pellanda, onde são atendidos em torno de cinco a seis mil clientes por mês. “O que mais me marcou nesses 50 anos de história é o reconhecimento que as pessoas têm. Às vezes acontece algum problema e nós não conseguimos atender direito, mas a pessoa tem paciência e acaba voltando mais uma vez”, frisa. “É só gratidão por todo esse povo que trabalha comigo, pelos clientes e pelos ponta-grossenses que nunca me deixaram na mão. Eu nunca abri a porta da lanchonete sem que tivesse cliente prestigiando. Então eu sou eternamente grato”, conclui.