há 2 dias
Revista D'Ponta

A busca pela felicidade é um dos temas mais debatidos entre filósofos e cientistas. Sócrates acreditava que a verdadeira felicidade só seria alcançada através da sabedoria e do autoconhecimento. Para Aristóteles, ela não é um estado momentâneo, mas sim o objetivo final da vida humana. Por outro lado, os cientistas estudam como o cérebro processa a felicidade através da produção de neurotransmissores e hormônios específicos, como dopamina, serotonina e oxitocina. Eles acreditam que cerca de 50% da variação nos níveis de alegria de uma pessoa pode ser atribuída à genética, 10% dependem de circunstâncias externas e os 40% restantes das escolhas diárias.
A verdade é que a felicidade é um estado dinâmico, que pode ser alcançado ativamente por meio de uma combinação de experiências prazerosas, um senso de propósito e o cultivo de relacionamentos saudáveis. Pensando nisso, a revista D’Ponta convidou 15 lideranças, personalidades de destaque e pessoas influentes de Ponta Grossa a contarem quais são as pequenas coisas do dia a dia que lhes trazem essa sensação gostosa de alegria, satisfação e bem-estar.
MARCIO PAULIKI
PAUSAS SIGNIFICATIVAS

“Com o tempo, nós percebemos que a felicidade mora nos detalhes, nas pausas e nas pequenas coisas que a rotina costuma engolir quando tudo está acelerado demais. Felicidade é chegar um pouco antes em algum lugar, tomar um café quente antes da primeira reunião e ter tempo de observar o movimento das pessoas. Eu também gosto muito de dirigir sozinho, ouvindo música e sem destino certo. No meio do caminho, o mundo parece desacelerar, o telefone para de tocar, a cabeça respira e até os problemas parecem menores. No fim, acho que a felicidade é não deixar que o sucesso roube o prazer das pequenas coisas, porque é nelas, no café, na estrada, na leitura e no silêncio que nós nos reencontramos”
Marcio Pauliki, empresário e CEO da Lojas MM
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MIGUEL SANCHES NETO
MATINADAS

“A maneira como minha cachorrinha, a Malu, arranha o colchão de madrugada, quando estou lendo na cama sob a luz do abajur, exigindo que eu ou a minha esposa a coloquemos em nossos pés, para terminar a noite ali, enquanto avanço em algum livro que fica sempre na mesinha ao lado. Isso poderia ser um incômodo, mas é a própria expressão da felicidade, pois é um privilégio ter um ser vivo com você neste momento de extrema solidão, quando quase todo mundo está dormindo. Ao nascer do dia, voltamos a ser multidão”
Miguel Sanches Neto, escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
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PEDRO JOANIR ZONTA
DAS COISAS SIMPLES AOS HOBBIES

“Encontro felicidade nas pequenas coisas: o canto dos pássaros no meu paraíso em minha casa no Umbará, um almoço de domingo em família e a simplicidade do dia a dia. Ver o Condor transformar vidas, como Aliceu Brambilla, que chegou aos 17 anos como estoquista e hoje é diretor de patrimônio, me enche de orgulho. Acredito que a felicidade está nos detalhes, nas pessoas ao nosso redor e em hobbies que nos realizam, como restaurar a minha coleção de carros antigos, além da minha paixão pelo automobilismo”
Pedro Joanir Zonta, presidente da Rede Condor e Grupo Zonta
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IRMÃ EDITES BET
ATOS QUE REJUVENESCEM

“Para mim, a felicidade está nas pequenas coisas: o abraço de uma criança, o desabrochar de uma flor, o canto dos passarinhos depois da chuva. Cuidar da vida que nasce e sentir a presença de Deus me renova. Sou feliz por saber que cada dia é um novo começo e uma oportunidade de espalhar o bem. A felicidade, para mim, nasce do simples ato de viver na presença de Deus e colocar-me a serviço do bem. É algo espontâneo, que me rejuvenesce e me faz recomeçar todos os dias, com a alma leve e o coração agradecido”
Irmã Edites Bet, diretora do Colégio Sagrada Família
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NILSON DE OLIVEIRA
APRECIAR A VIDA COM FÉ

“Sou um apreciador da vida e devoto de Nossa Senhora de Fátima. Apesar da minha profissão e de lidar diariamente com a população, eu sou tímido. Nas minhas horas de lazer assisto a filmes, pesquiso, aprecio demais programas que mostram as belezas do mundo e gosto de um bom vinho. Sou muito caseiro, meus passeios são nas feiras livres e supermercados. Amo os animais, sou defensor intransigente deles. Meu estilo de vida me faz um homem extremamente feliz e realizado. Tudo o que faço, faço com vontade e amor”
Nilson de Oliveira, radialista
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PADRE CLAUDEMIR DO NASCIMENTO LEAL
FELICIDADE COMPARTILHADA

“Da mesma forma que tantas situações complicadas do dia a dia me trazem muita tristeza, muitas outras situações me trazem satisfação e me fazem muito feliz. Realizar uma confissão, uma missa, um direcionamento ou qualquer coisa que faça as pessoas estarem bem me faz feliz, muito feliz. A felicidade também está nos momentos de lazer, estar com as pessoas e celebrar a vida em volta de uma mesa. Comida, bebida e qualquer outra coisa é sempre pretexto para ser feliz. Ah, e nunca se é feliz sozinho”
Padre Claudemir do Nascimento Leal, sacerdote católico
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JOSÉ SEBASTIÃO FAGUNDES CUNHA
HORAS DE CONTEMPLAÇÃO

“Momentos de felicidade existem quando eu estou observando o lago da chácara onde moro, com os seus cisnes, gansos, marrecos e patos. Amo ver as aves e os seus filhotinhos flutuando pelo lago, pois isso representa serenidade e altivez. Também existem momentos de felicidade quando pratico uma boa leitura que acrescenta conhecimento, imaginação e entretenimento, ou ainda quando viajo e conheço culturas, lugares, aromas, sabores, cores e pessoas. Produzir textos e dar a conhecê-los através de artigos e livros também me faz feliz”
José Sebastião Fagundes Cunha, desembargador
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CARLINHOS DE JESUS
AUTOSSUPERAÇÃO

“O que me faz feliz é olhar para trás e perceber que eu sobrevivi a dias em que não havia nada, apenas coragem e fé. Cresci sem luxo, às vezes sem o que comer, mas com uma mãe guerreira e irmãos que me ensinaram o valor do pouco. Hoje, encontro felicidade nas pequenas vitórias, nos gestos sinceros, no treino que me faz me sentir vivo. Porque a vida me mostrou que ser feliz não é ter tudo — é nunca desistir, mesmo quando tudo falta”
Carlinhos de Jesus, fisiculturista e proprietário da academia Iron Revolution
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LUCÉLIA CLARINDO
SABOREAR CADA MOMENTO

“Olhar a felicidade estampada nos olhos das crianças ao ouvir uma história, o pedir que conte mais uma ou o silencio delas me faz muito feliz. Ouvir os pássaros no quintal, o tombo da laranja que cai do pé, o agendamento das instituições que vão chegar ao Bando da Leitura. A espera com o quintal todo colorido de cadeiras, sombrinhas, brinquedos, varais de desenhos e criançada brincando. Felicidade também é o encontro, a mesa farta e a conversa boa. É saborear cada momento da vida e agradecer cada detalhe
Lucélia Clarindo, contadora de histórias e idealizadora do Bando da Leitura
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DANIEL PETROSKI
SEMPRE SE DESAFIAR

“Eu sou uma pessoa que gosta de desafios, e o que me faz feliz é sempre aprender algo novo. Agora, aos 35 anos, eu estou realizando um sonho de infância e aprendendo a tocar piano. Nesse momento, estou na minha terceira aula e estou muito realizado de poder colocar isso em prática, independente da idade. Na minha profissão, quebrei a barreira de 13 anos trabalhando no mesmo lugar e fui para outra área em busca de algo novo. Mudar me traz felicidade e, cada vez que eu me desafio ou saio da minha zona de conforto, é muito satisfatório”
Daniel Petroski, assessor de imprensa de festivais de música
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RENATA REGIS FLORISBELO
VIVIFICAR VIDAS

“Sinto-me imensamente feliz quando percebo que um talento meu conseguiu produzir algo que desvelou e estimulou o dom de outra pessoa, que passou a ver a si de modo mais pleno. Para mim a arte tem esse poder: por meio de sua expressão, ajuda a vivificar vidas, e eu sou feliz em cada oficina de arte desenvolvida. Também sou feliz quando uma miudeza insignificante, como a imagem de uma planta vencendo e irrompendo por entre o concreto, me arrebata. Estar entre pessoas, desenvolver projetos culturais, escrever livros, apresentar performances teatrais, tudo isto me enche de felicidade”
Renata Regis Florisbelo, escritora, articuladora cultural e gestora industrial
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IGOR ROSA
ROTINA AGITADA

“A rotina agitada e a agenda cheia de compromissos fazem eu me sentir útil. Essa sensação me traz muita felicidade tanto na vida profissional quanto na vida pessoal. Dividir os meus dias com quem eu amo também me traz felicidade, e coisas simples como assistir a um filme, a uma série, dar risada e ter com quem contar me ajudam a recarregar as energias. Nós não precisamos de muito para ser feliz, nós precisamos de verdade e sentimento puro. Como sou feliz quando tenho as pessoas que amo ao meu lado!”
Igor Rosa, jornalista televisivo
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MÔNICA QUADROS
A PAZ DAS MONTANHAS

“Ser montanhista me traz uma felicidade difícil de explicar. Comecei a subir montanhas quando a rotina estava pesada — trabalho, filhos, vida corrida. Lá em cima, encontrei o meu equilíbrio. Estar na natureza, vencer o cansaço e sentir o vento no rosto trazem uma sensação indescritível. Cada trilha, cada cume alcançado me faz lembrar do quanto eu sou capaz. É ali que eu respiro fundo e penso: é disso que eu preciso para ser feliz. Claro que família, filhos e trabalho também trazem felicidades, mas é na montanha que eu encontro a paz que estava buscando”
Mônica Quadros, diretora comercial da Joka Transportes e diretora de Relacionamento do Operário Ferroviário
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GUY ROMANERO CANTO
PEQUENOS FRAGMENTOS

“Minha felicidade está nas rotinas simples que, muitas vezes, passam despercebidas. O sol atravessando a janela do consultório, o barulho da cafeteira, o cheirinho de café recém-coado, a sensação de ter feito diferença no dia de alguém. Esses pequenos fragmentos do cotidiano me lembram que não é o tamanho dos acontecimentos, mas a presença com que vivemos cada um deles é que faz a vida valer a pena”
Guy Romaguera Canto, médico oftalmologista
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GIORGIA BIN BOCHENEK
TRANSFORMAÇÃO

“O que realmente me enche de alegria no dia a dia é testemunhar a transformação que o associativismo promove. Ver um projeto sair do papel, uma parceria se concretizar, contribuir para o desenvolvimento da nossa cidade, isso me proporciona uma felicidade genuína. Essa alegria se multiplica quando compartilhada com amigos, colegas e familiares que caminham comigo nesses projetos. Saber que estamos juntos, contribuindo para uma sociedade melhor naquela reunião que vira um bate-papo inspirador, ou em uma entidade crescendo e impactando vidas, fazendo as pessoas prosperarem, isso dá sentido à minha rotina”
Giorgia Bin Bochenek, presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa
Conteúdo publicado originalmente na edição 310 (nov) da revista D'Ponta
Texto: Michelle de Geus
Pauta e edição: Rafael Guedes