há 12 horas
Edilson Kernicki

Com uma área de 2.025,697km², Ponta Grossa possui 917 km² de área urbana (47,4% do total) e 1.195,4 km² de área rural (52,6%). Segundo o Censo do IBGE (2022), 98,24% da população mora na zona urbana (352.053 pessoas) e apenas 1,76% na área rural (6.318), somando uma população de 358.371 habitantes. O IBGE também estima que, em 1º de julho de 2025, a população do município corresponda a 375.632 habitantes.
Dentre os 17 bairros que compõem Ponta Grossa, Uvaranas, Oficinas, Olarias, Cará-Cará, Contorno, Nova Rússia e Centro estão entre os mais importantes, seja por conta de sua população numerosa, seja por conta de sua relevância para a história do município, seja por conta do papel que desempenha na cidade atualmente.
Em comemoração ao 202o aniversário de Ponta Grossa, a revista D’Ponta conta a história desses locais e traz diversas curiosidades a seu respeito. Para isso, usamos uma das fontes mais confiáveis e respeitadas entre aqueles que estudam a história de Ponta Grossa: a série de livros “História do Bairro”, da historiadora Isolde Maria Waldmann.
UVARANAS

Com 43.420 moradores (IBGE, 2022), o bairro mais populoso de Ponta Grossa tem como principal ponto de referência a Paróquia Imaculada Conceição, também conhecida como Igrejinha de Uvaranas, no início de sua avenida principal, a Carlos Cavalcanti. Outras referências são o 13º Batalhão de Infantaria Blindada (13 BIB) e o Terminal Uvaranas, ao redor dos quais houve intenso desenvolvimento comercial nas últimas décadas.
“O nome do bairro originou-se de uma planta abundante na região, chamada varana. Com a introdução da uva pelos imigrantes italianos, recebeu a denominação de Uvaranas”, afirma Isolde Waldmann, no livro dedicado ao bairro. A memória de Uvaranas se relaciona com as regiões vizinhas, como o Distrito de Itaiacoca e os bairros Neves, Jardim Carvalho e Cará-Cará, até porque moradores relatam que os limites foram demarcados várias vezes ao longo do século XX. É um lugar-comum chamar de Uvaranas quase tudo o que fica ao leste do Centro, ainda que boa parte pertença aos bairros Neves e Cará-Cará.
Considera-se o primeiro morador de Uvaranas o sargento-mor Mariano Ribas, falecido em 1842, que registrou o seu testamento na ainda Freguesia de Ponta Grossa em 1839. Ele teve 11 filhos e, no testamento, determinou que as três filhas mais novas e solteiras recebessem o imóvel chamado “Potreiro das Uvaranas”, que não poderiam vender a terceiros. Com o tempo, extinguiram-se as proibições e surgiram várias chácaras. Foi a partir de 1879 que o bairro recebeu imigrantes de várias origens: russos-alemães, italianos, poloneses e, mais tarde, ucranianos – que construíram a Igreja Ortodoxa São Jorge Protetor em 1951. Em 1900, o bairro era conhecido como Colônia Uvaranas, subdividida em colônias de imigrantes e várias chácaras, sendo a maior a do francês “News”, que ficou conhecida por João Neves e deu origem ao bairro Neves.
“Na década de 1950, Ponta Grossa recebeu o título de Cidade Seminarista do Brasil, pelas inúmeras instituições que havia neste município com ensino de Teologia”, lembra Isolde. Em Uvaranas, o antigo Seminário São José, nas imediações do Jardim Paraíso, foi transformado em uma faculdade privada. Um convento desativado na avenida Carlos Cavalcanti foi adaptado e transformado em hotel três estrelas. Na margem direita do Arroio Pilão de Pedra, na Vila Ana Rita, fica o Olho D’Água João Maria de Agostín, onde devotos acendem velas, fazem pedidos e depositam placas por graças alcançadas.
Uvaranas também é o endereço do Campus Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde também fica o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HU-UEPG). Perto dali e muito antes do HU, há quase 40 anos, foi inaugurado o Hospital Vicentino (hoje São Camilo).
O Pátio Ferroviário de Uvaranas, perto do Campus da UEPG, comporta 800 vagões, possui 2 km de extensão e é o maior entroncamento ferroviário do sul do país. A desativação do antigo pátio de manobras, onde fica hoje o Parque Ambiental, mudou a paisagem: onde havia uma linha férrea, surgiu a avenida Dom Geraldo Pellanda.
CARÁ-CARÁ

Com 42.594 moradores, o segundo bairro mais populoso de Ponta Grossa (IBGE, 2022) era habitado por indígenas, que viviam às margens do Rio Tibagi. “Em 1639, segundo registros históricos de Romário Martins, a região que corresponde aos Campos Gerais recebeu a visita de muitos bandeirantes aventureiros, que vieram em busca de ouro, pedras preciosas e índios. Estes foram escravizados e levados para trabalhar em São Paulo”, conta Isolde. Alguns conseguiram fugir para onde hoje fica a cidade de Tibagi e outros para Guarapuava. O nome vem do termo tupi-guarani “karaka’rá”, que se refere a uma ave de rapina também conhecida como carcará ou carancho.
A partir de 1704, paulistas de origem portuguesa, espanhola e africana requereram as sesmarias à Coroa. Já no final do século XIX, imigrantes europeus passaram a adquirir terras nessa região. Durante a época do Tropeirismo, quando os tropeiros e viajantes aproveitaram o trajeto criado por indígenas – Caminho do Peabiru –, havia uma balsa que fazia a travessia do Rio Tibagi naquela região. O grande impulso urbano veio a partir dos anos 1970, com a implantação do Distrito Industrial, que inicialmente recebeu grandes estabelecimentos agroindustriais antes de começar a sediar indústrias também de outros segmentos, às margens da BR-376.
Entre as autoridades que já estiveram no bairro, desde a inauguração do Aeroporto Sant’Ana, em 1956, figuram os presidentes Jânio Quadros, que veio inaugurar o Odontomóvel da UEPG (1961); Ernesto Geisel, para inaugurar o Complexo Ferroviário de Uvaranas (1977); Fernando Collor de Mello, para inaugurar os Núcleos Santa Marta e Nossa Senhora das Graças (1991) e Jair Bolsonaro, para a entrega de ampliação do Sistema de Abastecimento de Água (2021).
Dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina também foram recepcionados ali, em 1880. “Sabendo que Sua Majestade estava prestes a chegar, 500 cavaleiros foram até o Trevo Vendrami, onde aguardavam e, ao se aproximar, o ilustre visitante foi saudado pelos cavaleiros”, relata Isolde. O imperador veio verificar como estavam vivendo os imigrantes russo-alemães assentados na região e, como veio de carruagem do litoral até Ponta Grossa, prometeu a extensão da estrada de ferro de Paranaguá até aqui.
OFICINAS

Sétimo bairro mais populoso de Ponta Grossa, com 22.279 habitantes (IBGE, 2022), Oficinas também possui forte relação histórica com as linhas férreas, mas as suas origens remontam ao século XVIII, quando foram demarcadas e entregues as sesmarias entre os rios Verde e Tibagi. “O local era conhecido por Pelados, devido ao descampado que havia nessa planície”, descreve Isolde. Era caminho dos tropeiros que transportavam animais do sul até Sorocaba (SP). O nome Oficinas surgiu em 1906, quando foram ali instaladas as oficinas de manutenção de equipamentos ferroviários da Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC, posteriormente Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – RFFSA, privatizada a partir de 1996 e extinta em 2007). A antiga linha férrea que contornava o bairro foi desativada e transformada no Parque Linear.
Em 1952, em terreno doado pela RVPSC, foi inaugurada a Igreja de São Cristóvão, em homenagem ao padroeiro dos transportes. Era conhecida como “igreja dos ferroviários”. Frei Elias Zulian, no mesmo ano, deu origem a uma tradição que se mantém: a Festa de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, que chegou à 73ª edição em agosto último. Frei Elias também construiu um auditório onde projetava filmes e realizava peças: o Cine-Teatro São Cristóvão. Antes, as projeções ocorriam no antigo prédio da Associação Recreativa Homens do Trabalho (ARHT). Nos anos 1960, surgiria o Cine-Teatro PAX.
Oficinas também é a sede do estádio Germano Krüger, do Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC), time que surgiu em 1912, em que os primeiros atletas eram operários das oficinas. O bairro é o berço do futebol paranaense: em 1909, ocorreu ali o primeiro jogo de futebol oficial do estado, entre ponta-grossenses e curitibanos, com vitória por 1 a 0 para a equipe da casa.
A partir do final dos anos 1960, com a consolidação da RFFSA, é que as chácaras das famílias pioneiras cederam espaço para a urbanização do bairro, também impulsionada, já nos anos 1970, pela demanda de mão de obra de trabalhadores para o Parque Industrial.
No local que hoje concentra uma das áreas mais nobres do bairro, num terreno baldio avizinhado pelo Fórum e cercado de arranha-céus, ficava a sede das Indústrias Theóphilo Cunha S/A, do ramo madeireiro. O prédio passou muitos anos inativo, até ser demolido em 2011. A região era conhecida como Chácara Eleutério. Nessa mesma área, fica o chamado “Parque Honório”, entre o Fórum e um colégio particular, um dos últimos resquícios da floresta nativa dentro da cidade e da vegetação que se conhecia como Capão de Ponta Grossa.
OLARIAS

Primeiramente conhecido como Bairro Chinês, o bairro de Olarias teve uma família dessa etnia como primeiros habitantes. A introdução das ferrovias no início do século XX e o crescimento urbano de Ponta Grossa demandaram materiais de construção e uma localidade com matéria-prima para a instalação de cerâmicas e olarias, de que se derivou o nome do bairro de 9.016 habitantes (IBGE,2022).
“A primitiva ocupação do bairro de que temos notícias foram os bugres que viviam nas matas próximas do Córrego de Olarias, conhecido como ‘Capão dos Bugres’, cuja referência ultrapassou o século XX”, relata Isolde. As olarias foram introduzidas a partir do fim do século XIX, com a chegada de imigrantes russos-alemães do Volga, dando início à produção de tijolos, telhas e cerâmica.
Nos anos 1960, o bairro possuía cerca de 12 olarias, pois havia material em abundância e de boa qualidade: o “barro gordo”. “Para as cerâmicas que funcionavam no bairro de Olarias, as vantagens eram maiores, porque havia a matéria-prima no próprio local, de onde a argila era extraída e recolhida no depósito da fábrica”, escreve a pesquisadora. Entre elas, destacavam-se a Olaria Aymoré, de propriedade de Leopoldo Guimarães da Cunha, e a Valentim, que forneceu tijolos e telhas para a construção da Usina de Itaipu. Também se destacavam as olarias Doze de Outubro, Santo André, São Judas Tadeu, São Sebastião e Guarani. Perto de onde ficava um antigo campinho de futebol, transformado em barreiro pela Doze de Outubro, surgiu o Campo do Olinda (estádio André Mulaski), palco de eventos esportivos na região.
A escassez da matéria-prima, o endurecimento de leis ambientais e até mesmo o fisco da poupança no Governo Collor levaram à decadência das oito olarias que resistiram até a década de 1990. Os terrenos de onde era retirado o “barro gordo” foram desapropriados pela Prefeitura e hoje formam o Lago de Olarias, novo cartão postal do município.
Das chaminés que eram vistas como símbolo do progresso e da industrialização, restou apenas a da antiga Indústria Madeireira Wagner, local onde hoje fica o Complexo Cultural Jovanni Pedro Masini. Monumento tombado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Compac), a chaminé sofre com a degradação do tempo e a ação de pichadores. Outro símbolo de progresso, do ponto de vista comercial, fica bem no limite do bairro com o Centro: o Palladium Shopping Center, inaugurado em 2003.
CONTORNO

O bairro que margeia a avenida Presidente Kennedy (trecho urbano da BR-376), de ambos os lados, soma 40.173 habitantes (IBGE, 2022) e é o 3º mais populoso de Ponta Grossa. Dentro dele, fica o Núcleo Santa Paula (I, II e III), que reúne 1,8 mil casas e já foi considerado um dos maiores conjuntos residenciais do Paraná, especialmente na época de sua inauguração, nos idos de 1978. Ao redor do Santa Paula, a partir dos anos 1990, surgiu outro núcleo, o Conjunto Verona, e loteamentos como o San Marino, Panorama, Campos Elísios e Dom Bosco. Esse crescimento também resultou num amplo desenvolvimento comercial e oferta de serviços variados: mercados, lojas, postos de combustíveis, autoescolas, pecuárias, dentistas, lotérica, banco, academias, restaurantes e lanchonetes, entre outros.
O nome do bairro se justifica pelo fato de a avenida Presidente Kennedy, que o divide, ser também conhecida como “Estrada do Contorno”. Na margem oposta, ficam o Parque Auto Estrada e o Jardim Maracanã.
A partir de 1991, o bairro ganhou visibilidade dentro e fora de Ponta Grossa, com a inauguração do Centro de Eventos, ao lado do Núcleo Santa Terezinha. O local abriga a Münchenfest desde a sua segunda edição – com exceções para os anos de 2018 e 2019, quando ocorreu no Parque Ambiental, mesmo local que sediou a primeira. No Centro Agropecuário Municipal, anexo ao Centro de Eventos, ocorre a Efapi, a cada dois anos, desde a mudança do antigo local, onde hoje fica o Campus da UEPG de Uvaranas. Uma grande área pertencente ao Exército fica entre o Centro de Eventos e a BR-376: o 3º Regimento de Carros de Combate (3º RCC).
Muito antes do Santa Paula e até mesmo da chamada Santa Paula Velha, foi construída, em 1876, a Chácara Refúgio dos Nobres, na Colônia Tavares Bastos, para alojar imigrantes russos-alemães vindos da região do Volga. O local fica entre o Contorno e a Colônia Dona Luiza. A partir do fim do século XIX, a implantação da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande e a urbanização fizeram muitos imigrantes deixarem as colônias. Eles vinham para a cidade em busca do trabalho anunciado pelas grandes empreiteiras. “Os caminhos vindos dos campos situados a noroeste de Ponta Grossa alcançavam o Contorno e a Ronda pelo roteiro Conchas Velhas, Rio Taquari ou pelo caminho que passava pela atual Colônia Moema, Chapada, Bonsucesso, Periquitos e Nova Rússia”, descreve Isolde.
NOVA RÚSSIA

Com 15.801 moradores (IBGE, 2022), Nova Rússia é o 10º bairro mais populoso de Ponta Grossa. A localidade ganhou esse nome porque, desde o final do século XIX, abrigou imigrantes russo-alemães vindos da região do Volga. Coincidentemente, o termo Nova Rússia também se refere à região norte do Mar Negro, que hoje corresponde a parte do sul e leste da Ucrânia, de onde, mais tarde, veio outra onde de imigrantes, que povoaram o bairro com os seus descendentes. “Habituou-se o povo ponta-grossense a chamar-lhe assim. Já houve tentativa de mudar a sua denominação, mas a população não aceitou o alvitre e a Nova Rússia continuou, como memória viva de um povo que trabalhou, construiu e desenvolveu aquela parcela da cidade”, escreve Isolde.
A cultura ucraniana é manifesta no bairro, especialmente através da Paróquia Transfiguração de Nosso Senhor, de rito bizantino, frequentada por cerca de 800 fiéis. A sede fica em frente ao Hospital Bom Jesus, no final da avenida Dom Pedro II. Em 1995, iniciou-se a construção da Capela Imaculada Conceição no Parque Nossa Senhora das Graças (bairro Boa Vista), também do rito bizantino e pertencente a essa paróquia, com missas em ucraniano e em português.
O povoamento é um dos mais antigos, datado do final do século XVIII, quando tropeiros passavam por ali a caminho dos campos de Guarapuava e Palmas, seguindo para Vacaria (RS). Uma referência histórica da ocupação de terras da região foi Miguel Ferreira da Rocha Carvalhais, que fixou residência em 1804 na Fazenda Boa Vista, onde foi construída a primeira serraria, citada no inventário de 1855, quando foi criado o Município de Ponta Grossa.
Antes dos imigrantes, o bairro chegou a ser conhecido como Chácara do Militão, pois era de propriedade de Militão Pedroso, dono de grandes áreas ao redor da cidade. Com o tempo, vendeu parte da propriedade para Miguel Clock e outra para Frederico Hilgemberg. Em outra parte dessa propriedade fica hoje a Vila Santo Antônio.
Inicialmente, Nova Rússia teve vocação industrial, com fábricas de banha, charque e laticínios. Uma das fábricas de banha, hoje restaurada, se tornou uma casa de eventos na rua Frederico Bahls. Próximo dali, sobrevive a centenária Fábrica de Foices São Pedro, fundada pela família Werner em 1906. Até pouco atrás, uma metalúrgica se destacava no cenário da Ernesto Vilela, que hoje deu lugar a um supermercado. A poucas quadras dali, permanece uma metalgráfica e, na Dom Pedro II, uma indústria de café.
Em 1969, os Irmãos Beraldo (Wilson, Acir, Antônio e Amilton) fundaram uma revendedora de veículos no bairro, vocação comercial que o bairro preserva até hoje. A localidade reúne concessionárias de várias marcas, oficinas e lojas de autopeças. A antiga Companhia Ponta-Grossense de Automóveis (Copaci), do grupo João Vargas de Oliveira, deu lugar a um shopping, no início dos anos 2000.
De 1957 a 1985, a Praça Getúlio Vargas abrigou um Jardim Botânico e Zoológico, que fez o lugar ser popularmente conhecido como Praça dos Bichos. Hoje, a praça é sede de uma fundação de assistência a idosos e do Ginásio de Esportes Zukão.
Próximo ao Terminal Nova Rússia, ficava a chácara de Madalena Martins, onde ela mandou construir a Capela (hoje Paróquia) São Sebastião. Ao lado, foi delimitada uma área para o cemitério, de mesmo nome. Em 1961, o padre Carlos Zelesny, fundou, na antiga Casa Grande da Chácara Madalena, a Escola São Sebastião, que não tinha fins lucrativos – atual Colégio Sagrado Coração.
CENTRO

O Centro cresceu em torno do marco zero de Ponta Grossa, na Praça Marechal Floriano Peixoto, outrora chamada de Largo Municipal, onde funcionavam o edifício da administração, a Câmara dos Vereadores e a Cadeia Pública, que ficava na Praça Roosevelt e que desde 1939 abriga o 2º Grupamento de Bombeiros (2º BBM). É o 12º bairro mais populoso da cidade, com 12.017 moradores (IBGE, 2022), e é marcado pelo contraste entre a preservação arquitetônica de prédios do início do século XX com a modernidade de edifícios residenciais e comerciais.
O bairro surgiu quando por aqui passavam os tropeiros, que invernavam o gado nos campos, onde havia local seguro para o pouso deles e dos animais. “Em 12 de fevereiro de 1796, a Câmara de Castro nomeou Inácio dos Santos capitão do mato do então bairro de Ponta Grossa. Assim, o Pouso de Ponta Grossa passava, informalmente, a ser bairro de Castro”, narra Isolde. As primeiras ruas foram abertas em 1824, quando D. Pedro I já havia assinado o decreto-lei nº 15, de 15 de setembro de 1823, que criava a Freguesia de Santana de Ponta Grossa. “Quando ainda pertencia à Vila de Castro, as autoridades enviaram Hermógenes Carneiro Lobo com alguns trabalhadores, que fizeram um esboço de arruamento, para que fossem construídas as casas num certo alinhamento. Nessa ocasião, abriram as primeiras ruas e delimitaram o Largo da Matriz”, prossegue.
Com o tempo, mais terras foram sendo desmembradas e ruas abertas, o que atraiu imigrantes alemães, italianos, poloneses e russos-alemães, que deixaram a Colônia Tavares Bastos e se instalaram na cidade, onde construíram moradias, lojas, alfaiatarias, clubes e fábricas de banha e seus derivados.
Parte das terras do Coronel Cláudio foram desmembradas, no fim do século XIX, para a construção da ferrovia que ligaria Ponta Grossa ao Rio Grande do Sul e a São Paulo. Para atender aos passageiros, foram construídas as estações Paraná (Casa da Memória) e Central de Ponta Grossa (Saudade), o Armazém de Cargas, o Hospital 26 de Outubro, a Escola Tibúrcio Cavalcanti (atual Edifício Santos Dumont) e a Cooperativa Mista (onde ficava o supermercado BIG).
Entre 1920 e 1945, a cidade se consolidou como polo regional no Paraná e a sua influência geoeconômica atraiu uma população que migrou do campo. Os migrantes buscavam empregos gerados por um variado parque industrial, que crescia e atendia a mercados do interior e da capital, além de outros estados e, ainda, exportava para a Argentina. No Censo de 1950, Ponta Grossa figurava como segundo centro populacional do Paraná (80% no meio urbano e 20% no rural).
“O principal ramo de atividades dessa população urbana eram as indústrias de transformação e a prestação de serviços. O desenvolvimento constatado permitiu à ‘cidade-encruzilhada’, importante polo econômico da região, o sonho de se tornar um centro cultural, com cineteatros, clubes, estabelecimentos de ensino, clubes literários e as primeiras instituições de ensino superior”, conclui Isolde.