O câncer de boca figura como o sexto tipo de câncer mais frequente entre homens no Paraná, representando um desafio crescente para a saúde pública. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o triênio 2023–2025 apontam uma média de 920 novos casos por ano no Estado, 720 em homens e 200 em mulheres. A disparidade entre os sexos, segundo a Divisão de Saúde Bucal da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), está relacionada à busca tardia por atendimento odontológico e à maior exposição masculina a fatores de risco, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, exposição solar sem proteção e infecção pelo HPV.

Os dados reforçam a importância do Novembro Vermelho, campanha instituída pela Lei nº 19.868/2019, de autoria do deputado Ademar Traiano (PSD), que transformou o mês em referência para conscientização e prevenção do câncer de boca. O objetivo é alertar a população sobre a gravidade da doença, estimular o diagnóstico precoce e fortalecer políticas de promoção da saúde bucal.

Ao longo do mês, a Sesa promove ações educativas, mobilizações e atividades de orientação sobre sinais de alerta, importância das consultas regulares ao dentista e cuidados diários de prevenção. As Unidades Básicas de Saúde também ampliam atendimentos e intensificam a busca ativa por casos suspeitos.

Um levantamento recente da Sesa apresenta um dado preocupante: entre janeiro e setembro de 2025, apenas 28% dos atendimentos individuais na Atenção Primária à Saúde, na faixa de 20 a 59 anos, foram destinados a homens. O cenário indica que a maior parte desse público ainda procura atendimento apenas em situações avançadas, o que compromete o diagnóstico precoce e reduz as chances de cura.

Desde a implementação do Novembro Vermelho, o Estado já investiu mais de R$ 72 milhões em ações e equipamentos voltados à saúde bucal, resultando em 5,6 milhões de atendimentos. Também foram adquiridos 1.399 kits odontológicos, com cadeiras, compressores e outros equipamentos, modernizando consultórios e fortalecendo as equipes de saúde.

Sinais de alerta

Os principais indícios de câncer de boca incluem feridas que não cicatrizam em até 15 dias, manchas brancas ou avermelhadas, nódulos, dor na boca ou língua e dificuldade para mastigar ou engolir. Em estágios avançados, podem surgir alterações na fala e sensação de corpo estranho na garganta. A recomendação da Sesa é que qualquer alteração persistente seja avaliada por um profissional de saúde.

A Lei nº 19.868/2019 também estabelece diretrizes para ações integradas de prevenção, envolvendo população, órgãos públicos e iniciativa privada. Entre as metas estão o estímulo à detecção precoce e ao encaminhamento ágil para tratamento.

Especialistas reforçam que a doença pode ser prevenida com medidas simples, como higiene bucal adequada, alimentação equilibrada, uso de protetor solar labial e redução do consumo de álcool e cigarro. Quando diagnosticado cedo, o câncer de boca apresenta altos índices de cura.

O tema também é abordado em nível nacional pela Lei Federal nº 13.230/2015, que institui a Semana Nacional de Prevenção do Câncer Bucal, estimulando campanhas educativas e políticas públicas voltadas à saúde da população.