há 15 minutos
Amanda Martins

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná tem fortalecido a vigilância epidemiológica com o uso de tecnologia avançada, consolidando o Estado como referência nacional no monitoramento da febre amarela. O Paraná é um dos pioneiros na utilização do Sistema de Informação em Saúde Silvestre – Georreferenciado (SISS-Geo), ferramenta desenvolvida pela Fiocruz que permite acompanhar, em tempo real, a ocorrência de epizootias, casos de macacos doentes ou mortos, em todo o território paranaense.
Segundo o Informe Epidemiológico divulgado entre julho de 2024 e junho de 2025, o SISS-Geo registrou 101 notificações de epizootias em 23 municípios. Nenhuma delas foi confirmada para febre amarela, resultado considerado um marco da eficiência da vigilância. No mesmo período, 44 casos humanos foram notificados, mas nenhum foi confirmado. O monitoramento abrange os 399 municípios do Estado.
A febre amarela é uma doença viral aguda transmitida pela picada de mosquitos, com dois ciclos de transmissão no Brasil: o silvestre, envolvendo mosquitos e primatas não humanos, e o urbano, transmitido pelo Aedes aegypti, sem registros no país desde 1942. Os macacos não transmitem a doença, mas são fundamentais para alertar sobre a circulação do vírus.
Monitoramento de ponta
O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, destaca que o Estado atua de forma rápida e direcionada graças à tecnologia. “Nossa maior prioridade é evitar que a doença chegue ao ser humano. O Paraná soube utilizar o SISS-Geo de forma pioneira para transformar o registro de um macaco em um alerta sanitário em tempo real. Essa ferramenta nos permite agir com precisão cirúrgica, reforçando a vacinação e a proteção da população antes que o vírus se propague”, afirmou.
O sistema, implementado de forma piloto no Paraná entre 2018 e 2019, tornou-se obrigatório para notificações relacionadas à febre amarela, integrando o SISS-Geo ao Sinan. A coordenadora da Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte, explica que o aplicativo permite enviar fotos, coordenadas e informações sobre a espécie do animal mesmo sem conexão à internet, graças ao georreferenciamento via satélite. A notificação chega imediatamente às equipes da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores, Regionais de Saúde e secretarias municipais.
Essa agilidade possibilita o mapeamento da área, a avaliação da proximidade com populações humanas e a definição rápida sobre a necessidade de coleta de amostras. O aplicativo é gratuito e pode ser utilizado por qualquer cidadão.
Reconhecimento internacional
Um exemplo do destaque paranaense é o projeto de São José dos Pinhais, que utilizou o SISS-Geo e recebeu, em 2021, o 5º Prêmio Internacional Guangzhou, reconhecimento mundial por práticas inovadoras em sustentabilidade urbana. A iniciativa contou com parceria da Sesa, Fiocruz e Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Vacinação e cuidados continuam essenciais
Apesar dos indicadores positivos, a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde reforça a importância de manter a vacinação em dia e adotar cuidados básicos ao frequentar áreas de mata. “A vacina é a única forma comprovada de defesa. É fundamental utilizar repelente e roupas longas durante atividades em ambientes silvestres”, alertou.
A cobertura vacinal do Paraná é de 75,59%, acima da média nacional de 72,34%. A proteção completa ocorre cerca de dez dias após a imunização. Em 2022, o Estado teve apenas um caso humano confirmado, importado do Tocantins, com evolução para cura.
Com tecnologia avançada, equipes treinadas e alta adesão à vacinação, o Paraná segue sem registrar casos de febre amarela em humanos, reforçando seu protagonismo na vigilância e prevenção da doença.