Em entrevista exclusiva ao programa Manhã Total, apresentado por Joao Barbiero, na manhã desta quinta-feira (12), a deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, falou sobre o aumento na taxa básica de juros realizado pelo Banco Central (BC), que agora passa a ser de 12,25%. Na noite de ontem, a parlamentar já havia declarado, através das redes sociais, que a decisão era “irresponsável, insana e desastrosa”.
Durante a conversa, Gleisi afirmou que a taxa está subindo pois há uma avaliação por parte do BC de que a gestão federal tem que fazer um ajuste fiscal. “O governo mandou medidas de contenção de crescimento de despesas do Congresso. Vai entrar na pauta na semana que vem. São medidas importantes que vão dar um resultado até 2030 de uma economia de mais de R$ 300 bilhões e mesmo assim o Banco Central acha que foi insuficiente. Ou seja, temos uma economia que está bem, crescendo, o desemprego está caindo e a renda está melhorando, mas o Banco Central acha que o governo tem que fazer um ajuste fiscal e cortar gastos, principalmente na área social”, afirma. No entanto, a parlamentar aponta que há um compromisso do presidente Lula com o setor social e que não serão realizados cortes, mas será realizada uma redução de despesas. “[Lula] não irá cortar o crescimento de salário mínimo, recursos de benefícios, do Bolsa Família, saúde ou educação”, garante.
“O mercado financeiro acha que está se gastando muito com o povo, portanto tem que subir a taxa de juros porque a inflação está crescendo. A inflação que nós temos não é de demanda, de renda grande na mão do povo, de o povo estar gastando muito. É uma inflação que aconteceu por causa da crise climática. A carne subiu porque a gente está produzindo menos por conta da seca, das chuvas e da alta do dólar, então o pessoal está exportando mais carne do que vendendo para o Brasil, mas o Banco Central, autônomo, resolveu aumentar a taxa de juros. Isso tem um impacto em todo mundo, para quem vai para o crédito, que vai comprar uma casa ou um carro”, complementa. Ainda de acordo com Gleisi, há uma manobra política no posicianamento do BC, visto que o atual atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, foi indicado pelo ex-presidente Bolsonaro. Conforme a deputada, se criou um clima de terrorismo em cima das pessoas devido às medidas do BC.
Acordos internacionais
Durante a entrevista também foi abordado o recente acordo entre Mercosul e União Europeia, firmado no dia 6 de dezembro e que constituirá uma das maiores áreas de livre comércio bilateral do mundo. “[O acordo] Ficou muitos anos parado e não se conversava sobre. Ele pode ajudar o Brasil na taxa de exportação e importação. Ou seja, a União Europeia não cobra tributos grandes sobre bens que o Brasil exporta, principalmente da agricultura e carne. É um tratado longo e o Itamaraty está comemorando”, destaca Gleisi.
Saúde do presidente
A deputada também informou como está a saúde do presidente Lula, que passou por uma cirurgia no último dia 9 e perspectivas para as eleições de 2026. “Qualquer um pode estar sujeito a acidentes. Esse procedimento que ele está fazendo é normal, consequente da queda [sofrida em outubro]. Ele não estava bem e fez a cirurgia para tirar o líquido na cabeça e está fazendo um outro procedimento, que é de prevenção. Ele estará com a gente na semana que vem. Conversei com a Janja e ela disse que ele está super bem, lúcido”, relata.
Ao fala sobre o próximo pleito presidencial, Gleisi afirmou que Lula é o candidato para 2026 e o classificou como “a pessoa que a gente tem como referência”.
Ações no Paraná
Ainda durante a entrevista, Hoffmann relembrou que os investimentos do governo federal no estado do Paraná, apontando que setores como saúde, educação e bem estar social foram contemplados na gestão de Lula. “Na área da educação, por exemplo, cinco novos campi do Instituto Federal, nos municípios de Araucária, Cambé, Cianorte, Maringá e Toledo já estão sendo executados. Foi um compromisso do presidente com o PAC da educação. Os municípios já destinaram os terrenos e o governo já está com o projeto em execução. Na saúde, foram R$ 170 milhões destinados ao Paraná. No Mais Médicos, são 1683 médicos atuando no estado. Foram 1017 novos profissionais a partir de 2023. Ponta Grossa foi um dos municípios que mais teve destinação do Mais Médicos. Isso faz muita diferença”, destaca.
Além disso, a parlamentar também ressaltou a importância da reabertura da Fafen-PR. “Fertilizante é um insumo importante, não podemos ficar dependendo da Rússia e do Oriente Médio, que é de onde a gente mais importa fertilizantes. Se a gente não produzir aqui, vai acontecer o que? Nós conseguimos reabrir a fábrica de fertilizantes da Araucária, que é da Petrobras e foi fechada pelo Bolsonaro, que disse que era muito caro produzir fertilizante. Às vezes no início é um pouco mais caro, mas se você não tiver produção aqui, quando você precisa e tem uma crise internacional, toda a economia padece. Além de gerar empregos, é uma segurança para nós”, pontua.