ROMA — O Vaticano anunciou nesta segunda-feira que a alta do Papa Francisco, prevista para cerca de uma semana após a cirurgia intestinal realizada no dia 4, levará “mais alguns dias”. Segundo a Santa Sé, o Pontífice continuará no hospital para ajustar seus medicamentos e avançar sua reabilitação.
“Para ajustar a terapia médica e a reabilitação, o Papa permanecerá hospitalizado por mais alguns dias”, disse seu porta-voz, Matteo Bruni, sem mais detalhes até o momento.
Como o GLOBO revelou na semana passada, a operação à qual o Papa foi submetido sofreu uma drástica mudança no centro cirúrgico, durante sua realização. O plano original era realizar uma cirurgia robótica, técnica sofisticada e pouco invasiva.
Poucos minutos depois do início, no entanto, a equipe identificou que o problema — um estreitamento no intestino provocado por diverticulite — era mais grave do que o previsto e tiveram de optar na hora pela operação chamada “a céu aberto”, quando a barriga é cortada.
No domingo, o Pontífice apareceu em público no domingo pela primeira vez desde que foi submetido à cirurgia intestinal. Ele saiu em uma varanda da Policlínica Gemelli, em Roma, no qual está internado, para conduzir sua oração semanal diante de centenas de pessoas.
O Papa de 84 anos ficou na varanda de sua suíte no 10º andar do hospital por cerca de 10 minutos, parecendo em boas condições gerais. Ele leu um texto preparado, mas também fez muitos comentários improvisados.
Francisco parecia estar um pouco sem fôlego às vezes. Ele teve parte de um de seus pulmões removido quando era jovem, na Argentina. Após o pronunciamento de domingo, disse o Vaticano, o resto do dia do Papa foi tranquilo, com visitas a outros pacientes no mesmo andar do hospital e a celebração de uma missa durante a tarde.
O Pontífice afirmou que, no período hospitalizado, foi possível perceber a importância dos sistemas públicos de saúde, “como o que existe na Itália e em outros países”:
— Um serviço de saúde que seja gratuito e garanta um bom atendimento acessível a todos — disse. — Este bem precioso não deve se perder, deve ser mantido e todos devem se comprometer com ele. Porque todos precisam.
A diverticulite que levou o Papa a passar pela cirurgia é uma inflamação na parede do intestino grosso que causa espessamento do órgão, que fica mais estreito — o que é chamado de estenose, em linguagem médica. É um problema comum em idosos e que provoca dores ao evacuar.
Ela é corrigida com a remoção da parte afetada e a junção das pontas do intestino que ficaram soltas. O Papa teve metade do cólon removido no procedimento, que foi anunciado no próprio domingo passado e, segundo o Vaticano, já estava agendado com antecedência.