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Redação

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (24) o envio do USS Gerald R. Ford, o maior porta-aviões em serviço no mundo, para águas do Caribe e da América Latina, como parte de uma operação ampliada contra o narcotráfico e organizações criminosas transnacionais. A mobilização inclui o grupo de ataque completo do porta-aviões, composto por destróieres, cruzadores, navios de apoio e submarinos de ataque, formando um capacidade ofensiva superior à maioria das marinhas da região. O desdobramento ocorre em apoio à diretiva do presidente Donald Trump de desmantelar Organizações Criminosas Transnacionais (TCOs) e combater o narcoterrorismo em defesa dos Estados Unidos.
O USS Gerald R. Ford tem cerca de 333 metros de comprimento, deslocamento de aproximadamente 100 mil toneladas e capacidade para mais de 75 aeronaves militares, incluindo caças F-18 Super Hornet e aeronaves de alerta precoce E-2 Hawkeye. O navio é movido a energia nuclear, o que lhe confere autonomia operacional prolongada sem necessidade de reabastecimento. Além disso, o porta-aviões possui um arsenal avançado, incluindo mísseis Evolved Sea Sparrow, de médio alcance, usados para combater drones e aeronaves inimigas. A embarcação foi projetada com alto nível de automação, permitindo operar com menos tripulantes do que modelos anteriores.
A decisão ocorre em meio a uma escalada de tensões com a Venezuela, cujo governo de Nicolás Maduro acusa os EUA de tentar promover uma mudança de regime. O presidente venezuelano classificou a ação como uma ameaça direta à soberania nacional e mobilizou forças militares e milícias em resposta. O ministro da Defesa da Venezuela afirmou que as Forças Armadas não permitirão um “governo ajoelhado aos interesses dos EUA”. Analistas apontam que a presença do porta-aviões tem um forte componente simbólico e político, além do objetivo declarado de combate ao tráfico.
A operação gerou reações críticas de governos e organizações internacionais. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou os EUA de cometerem “execuções extrajudiciais” após uma série de ataques com mísseis a embarcações no Caribe, que deixaram ao menos 43 mortos desde setembro. O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, alertou que uma intervenção externa na Venezuela “pode incendiar” a América do Sul. Organizações de direitos humanos e países da região têm exigido maior transparência e provas públicas que liguem as embarcações atacadas a atividades ilícitas, sob pena de violação do direito internacional.
A Casa Branca afirma que a campanha militar visa erradicar rotas marítimas de tráfico de drogas e que o tráfico marítimo já foi “praticamente erradicado”. No entanto, o ritmo de ataques a embarcações suspeitas aumentou, com o secretário de Guerra, Pete Hegseth, confirmando o décimo ataque em menos de dois meses. O governo Trump declarou cartéis como o de Sinaloa e o Tren de Aragua como “organizações terroristas”, permitindo o uso de ferramentas militares semelhantes às empregadas contra a Al-Qaeda. O presidente também afirmou que está disposto a autorizar operações terrestres e ações encobertas da CIA dentro da Venezuela, intensificando os temores de uma escalada militar.