há 8 horas
Michelle de Geus
Osmar Soares é um dos principais mestres na arte da alfaiataria em Ponta Grossa. Desde muito cedo, ele já demonstrava interesse pelo ofício e aprendeu a fazer ternos sob medida, que se destacam pela alta qualidade e pelo caimento perfeito. Com muito capricho e atenção a cada detalhe, Osmar se tornou o alfaiate preferido de advogados, juízes, desembargadores, médicos, empresários e políticos ponta-grossenses. O sucesso foi tão grande que ele chegou a produzir 260 ternos mensalmente, mas hoje a sua produção gira em torno de 30 peças por mês, todas produzidas com um esmero cada vez maior. A sua alfaiataria, a Osmar Magazin, é referência na cidade e atende clientes do mundo inteiro, inclusive da Alemanha e da Inglaterra. Por lá já passaram clientes como Pedro Wosgrau Filho, Péricles Holleben de Mello, Plauto Miró Guimarães Filho, Marcelo Rangel, Sandro Alex e Aliel Machado. Nesta entrevista exclusiva para a revista D'Ponta e para o portal D'Ponta News, conhecemos um pouco do alfaiate e da pessoa por trás do alfaiate.
Você se tornou um dos alfaiates mais requisitados por lideranças de Ponta Grossa. De onde veio essa reputação?
Eu sou de Curitiba, mas estou em Ponta Grossa desde 1977. Na época, eu estudava Direito e pensei em trabalhar como empregado numa alfaiataria. Existiam 17 alfaiatarias grandes aqui, mas ninguém me deu oportunidade. Aí eu decidi montar a minha lojinha e trabalhar por conta própria. Quem abriu as portas para mim quando eu estava começando foi o Plauto Miró Guimarães. A pedido de uma amiga em comum, ele foi fazer um terno comigo para me ajudar. Ele gostou tanto da minha roupa que foi trazendo os amigos dele e foi um sucesso, tanto é que o maior alfaiate que existia na aqui época perdeu toda a clientela e até os funcionários para mim. Foi tanto serviço que eu não consegui nem terminar a minha faculdade, mas graças a Deus pude sustentar toda a minha família com o meu trabalho e consigo isso até hoje.
Como você aprendeu a arte da alfaiataria?
Eu comecei aprendendo com outro alfaiate e depois fiz alguns cursos fora. Algum tempo atrás, existiam congressos de alfaiates e vinham professores da França e da Itália para dar aula em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Na época, esses cursos eram caríssimos e você chegava a pagar entre cinco e sete mil dólares para ter uma hora de aula com esses alfaiates renomados. Eu também fiquei um tempo trabalhando lá e aprendendo em Buenos Aires, na Argentina, porque lá o pessoal se veste muito bem. Até hoje estou sempre buscando aprender alguma coisa diferente, para trabalhar o melhor possível e o cliente ficar satisfeito.
Para você, quais as características que um bom alfaiate deve ter?
Estar sempre atualizado. Eu lembro que participei de um congresso panamericano com um professor da França e aprendi um corte muito prático, que diminui a quantidade de horas que você leva para fazer uma roupa, e o caimento é perfeito. Quando eu voltei desse curso de atualização, tentei passar para alguns alfaiates mais antigos, mas eles não quiseram aprender e foram ficando para trás.
Quais personalidades de Ponta Grossa já fizeram terno com você?
Aqui em Ponta Grossa, já vesti os desembargadores Francisco Carlos Jorge e José Carlos Dalacqua, o doutor Magno Zanellato e os empresários Carlos Tavarnaro e João Barbiero. O Luiz Carlos Zuk, o Paulo Cunha Nascimento, o Pedro Wosgrau Filho, o Péricles Holleben de Mello, o Plauto Miró Guimarães Filho, o Marcelo Rangel, o Sandro Alex e o Aliel Machado, todos eles fizeram e fazem roupa comigo.
Quais são as vantagens de fazer um terno com um alfaiate em vez de comprar pronto?
A roupa sob medida é um pouco mais cara do que um terno pronto, mas a qualidade não se compara. Um terno sob medida dura por quatro ou cinco ternos prontos. Eu uso os melhores tecidos do mundo, que são o italiano e o inglês, e trabalho com forros de primeira para a roupa ter o caimento correto. Se o tecido é italiano, o forro e o entretelamento também são italianos, para acompanhar. É tudo feito com muito capricho e com muito cuidado para que a qualidade seja perfeita.
A moda está em constante mudança. Qual é o estilo de terno do momento?
A tendência ainda é o modelo slim, mais estruturado e ajustado ao corpo, sem ser apertado. Porém, não é aquele slim fit que estava muito na moda tempos atrás. Eu, pessoalmente, acho que exageraram e fizeram uma calça no meio da canela que ficou um pouco brega. Mas o que predomina mesmo é o terno clássico em cores mais escuras. Falando em tonalidades, o azul é a cor predominante do momento.
Na sua opinião, o que é se vestir bem?
Para mim, moda é aquilo que você gosta de usar. Cada pessoa tem um estilo, um gosto. Quando o cliente entra na minha alfaiataria, eu gosto de conversar bastante para sentir qual é o estilo dele e o que ele quer. Depois que eu já entendi o que ele pensa, coloco a minha percepção do que está atual e do que está na moda.
Conteúdo publicado na edição 309 / setembro da revista D'Ponta