A felicidade é um caminho a ser construído. Para alcancá-la, é necessário reflexão constante sobre as perspectivas que nos levam ao sentimento de completude e pertença ao “nosso mundo”.
Neste entendimento, há que se considerar que as relações interpessoais se tornam – à medida que se avolumam e ganham espaço a conectividade e a comunicação virtual por meios eletrônicos –, paulatinamente mais vazias, obsoletas e pendentes de interações de proximidade.
A interatividade eletrônica e a comunicação entre as pessoas têm se tornado crescentemente frívola, protocolar e, quando foge à regra, ocorre por meio de abreviaturas, sinais eletrônicos que não conseguem representar níveis mais elevados de emoções e sensações que só seriam perceptíveis em uma relação de proximidade.
O sistema educacional, por sua vez, move-se em direção ao desenvolvimento do mercado de trabalho que empreende, cada vez mais, a competitividade alienada e incólume aos anseios mais profícuos das pessoas, bem como em detrimento de um processo de formação integral do indivíduo.
Sendo assim, um contexto social que gera ansiedade e a necessidade de estar atualizado aos ditames do mercado de trabalho em que se erupta a competição e a sensação de disputa, de incompletude e racionalização excessiva nas relações sociais gera desgaste emocional e, inevitavelmente, transtorno depressivo.
Deste modo, alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna são, justamente, os transtornos psicológicos, dentre eles, destaca-se o transtorno depressivo.
Pautado na dificuldade de enfrentamento dos problemas naturais da vida e das situações cotidianas, bem como na prostração ante adversidades rotineiras e no desânimo persistente, o transtorno depressivo causa diversos empecilhos aos indivíduos acometidos por este mal.
De igual modo, a fase depressiva consiste na falta de apreço por atividades outrora consideradas prazerosas, na tristeza permanente, no sentimento de vazio e na imobilidade frente aos desafios mais elementares do dia a dia.
O transtorno depressivo, neste cenário, impõe-se, inexoravelmente, como objeto pertinente de exploração teórica e prática do campo educacional.
O espaço educacional compreende que o trabalho pedagógico, com o olhar biopsicossocial, é importante para o desenvolvimento da criança, não só àquelas com necessidades especiais, mas, de igual modo, sempre ocupou um espaço essencial e crucial no processo ensino-aprendizagem, na qual a escola e, principalmente o professor, devem estar atentos e preparados para trabalhar com as diversidades e adversidades da vida dos múltiplos sujeitos contidos neste espaço.
Neste contexto, cabe ao sistema de ensino a adequação do currículo e da avaliação, métodos e técnicas educativas que atendam às necessidades específicas de cada aluno, atentando para sinais de desgaste emocional e transtornos, de modo a realizar os procedimentos pedagógicos multidisciplinares e encaminhamentos aos profissionais envolvidos no trabalho terapêutico da saúde mental.
É da devida competência também dos profissionais da educação pensar o currículo para os alunos com necessidades especiais numa base comum aos demais alunos, pois a educação inclusiva tem como objetivo oferecer condições gerais de progressão escolar. O currículo não sofre alteração em seu fundamento, porém as características de aprendizagem dos alunos com necessidades especiais são levadas em conta. O processo de identificação das necessidades educacionais especiais, bem como de transtorno depressivo é de extrema importância.
Pode-se definir que a aprendizagem é o processo que evolui com a estimulação do ambiente sobre o indivíduo que sofre interferência dos fatores sobre o ser que é biopsicossocial e afetivo.
Assim, propiciar um ambiente favorável à aprendizagem em que sejam trabalhadas a autoestima, a confiança, o respeito mútuo, a valorização do aluno, sem, portanto, esquecer-se da importância de um ambiente desafiador, mas que mantenha um nível aceitável de tensões e cobranças, são algumas das situações que devem ser pensadas e avaliadas pelos educadores na condução do seu trabalho para que seja obtido sucesso na intervenção junto a alunos com dificuldades de aprendizagem e conflitos emocionais.
Cada educador carrega consigo a responsabilidade de suscitar em seus educandos o desejo pelo novo, pela dúvida e pelo conhecimento. Daí a relevância do papel transformador da educação e de seus protagonistas, os professores, como sujeitos essenciais na formação integral do ser humano e estimuladores de subjetividades e identidades.
O sucesso do trabalho em sala de aula, principalmente no que respeita à saúde emocional e psicológica, tanto dos educandos como dos profissionais da educação, passa por inúmeras contrariedades estruturais sistêmicas e logísticas. Não se pode eximir a responsabilidade do Estado, tampouco da participação da família do educando no trato educacional. Porém, a prática pedagógica voltada à concepção de cidadania, desenvolvimento pessoal, empático e humanizado terá poder de ressignificar o presente e prospectar o futuro de uma sociedade mais justa e equânime. Quem sabe, mais humana.