Curta-metragem “Vida” quer abrir as portas do cinema estadual e nacional para os talentos ponta-grossenses
Por Enrique Bayer
O Cine PG, grupo de cinema de Ponta Grossa dedicado à pesquisa, produção, exibição e atuação na cadeia produtiva do audiovisual, está trabalhando em seu primeiro curta-metragem, intitulado “Vida”. A ideia, com o filme, é colocar Ponta Grossa no mapa do audiovisual paranaense e nacional.
Vida é uma menina de 17 anos de idade. Estudante de colégio público, ela acaba de perder o pai e, envolvida com um professor, descobre uma gravidez. O roteiro nasceu no projeto “Noz na Tela”, um curso de produção audiovisual para adolescentes que o diretor Manoel Côrrea, o Bignel, realiza em Ponta Grossa desde 2019. O curta também é assinado por Marcelly Ferreira, aluna do projeto.
O elenco de “Vida”, que já está em fase de produção, foi escolhido através de processos seletivos nos grupos de teatro locais. A etapa de pré-produção foi finalizada sem patrocínios ou apoio financeiro. Agora, a produção está sendo realizada de forma voluntária. Mas Bignel ressalta que “o trabalho é absolutamente profissional, com o requinte exigido de uma produção cinematográfica”.
Sem financiamento
Sobre financiamento, o diretor conta que esse tem sido o maior desafio. “Como não temos financiamento, as pessoas não têm dedicação exclusiva ao projeto. Se um ator ou uma atriz não puder em determinado dia, por outro compromisso, isso provavelmente vai nos criar problemas”, aponta.
Apesar dos apertos, Bignel reforça: “Queremos fazer um produto de boa qualidade, para facilitar todo o trabalho do grupo envolvido com cinema em Ponta Grossa. Queremos, no futuro, trazer oficinas e workshops com profissionais reconhecidos. Esperamos que Ponta Grossa continue produzindo cinema.”
Incentivo insuficiente
O diretor também planeja exibir o filme em escolas para icentivar a formação dos estudantes para o mercado audiovisual. “Ponta Grossa pode produzir cinema. Temos a infraestrutura e os cenários necessários. Mas, apesar disso, falta visão e interesse do poder público”, critica.
Sobre isso, Bignel aponta que, apesar de a pesquisa “Hábitos Culturais de Ponta Grossa” mostrar que mais de 90% dos ponta-grossenses assistem filmes, o incentivo financeiro da Fundação Municipal de Cultura (FMC) para o audiovisual é insuficiente. “Quase 40% do orçamento da cultura vai para a música e nós não temos laboratório para produções nem cinema municipal, por exemplo”, lamenta.
Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #291 Agosto de 2022.