Em entrevista exclusiva ao programa Ponto de Vista, apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (18), o senador da república pelo Paraná, Sergio Moro comentou sobre a vida política e as pautas que defende ou que ainda pretende lutar no Congresso Nacional durante o mandato.
Moro declara que, apesar de considerar o momento atual como um desafio, está “encarando com muito entusiasmo”. Ele afirma que não é “servo de Lula, nem de Bolsonaro”, mas que tem a própria pauta. “A gente combateu a corrupção, o crime organizado, somos favoráveis a uma sociedade aberta, democracia robusta, economia em que a gente prime pela liberdade e apoio à iniciativa privada. Tenho definido muito claramente quais são minhas pautas e propostas”, diz enfatizando que não quer ser um político “de uma tecla só”.
Entre os projetos que está trabalhando, Moro cita a retomada da prisão em primeira e segunda instância. “A ideia é restaurar as condições que tornaram possível a operação lava-jato, entre elas a prisão em segunda instância. Já requeri o desarquivamento de um projeto de lei, que tinha sido aprovado no STJ e arquivado, todo mundo dizia que eu estava isolado, mas em uma semana a gente teve 27 assinaturas. Para aprovar ainda vai levar uma distância, mas se for para levar um ano, dois anos, oito anos, é uma causa pela qual vale a pena lutar, porque é o fim da impunidade, isso temos que trabalhar”, declara.
O senador ainda diz que irá apresentar um projeto para aumentar o banco nacional de perfis genéticos, que segundo ele, é um instrumento poderoso para elucidar crimes graves. Outra área que afirma defender é a da Economia. “Apresentei um projeto na área da economia. Estamos vendo a inflação elevada e vemos um ataque do presidente Lula contra a autonomia do Banco Central e contra o regime de metas de inflação, que é um ataque perigoso, eu apresentei o meu primeiro projeto que foi para preservar o regime de metas de inflação, para reforçar o poder do voto técnico ali dentro”, conta.
Relação com Lula e Bolsonaro
Sobre a relação com Lula e Bolsonaro, Moro relembra que saiu do governo de Bolsonaro após um desentendimento, mas que acabou apoiando o ex-presidente no segundo turno, por entender “que era uma melhor opção, em relação à volta do governo do PT, porque eu discordo veementemente de várias pautas do PT. O que eu posso fazer é ser sincero comigo mesmo e ser sincero com o eleitorado”, diz.
Lava-jato
O senador Sergio Moro afirma que não se arrepende do trabalho que realizou como juiz, enquanto esteve à frente da operação lava-jato, que já completou nove anos. “Foram presos os investigados, nesse que foi o maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Não me arrependo, eu cumpri meu papel como juiz, inclusive minhas decisões foram mantidas em sua quase totalidade pelo tribunal de Porto Alegre, várias decisões mantidas pelo STJ, nós recuperamos bilhões de reais, para se ter uma ideia, a Petrobras declarou que conseguiu recuperar, por conta da lava-jato, R$ 6 bilhões”, relembra.
“Houve o enfraquecimento da corrupção, inclusive na parte dos três poderes. Eu vim ao Senado para gente dar a volta por cima”, completa.
Futuro político
Quando questionado sobre o seu futuro político, e se planeja ser candidato à Presidência da República nas próximas eleições, Sergio Moro afirma que isso “a Deus pertence”. “Eu tive uma pré-candidatura presidencial, entendi na época que era importante eu oferecer uma alternativa à polarização política, e no final o partido que me abrigava retirou o apoio me obrigando a seguir por outros caminhos. O meu foco agora é o meu mandato no Senado, quero aqui fazer um bom trabalho. Se eu for ficar oito anos aqui no Senado Federal e fazer o meu papel, de ser correto, fiel aos meus princípios, de apresentar os projetos que as pessoas acreditem e lutar por eles, eu estou ‘louco’ de satisfeito. O futuro político a Deus pertence, vamos ver o que acontece nesse período, mas ninguém faz bem o seu trabalho se assume o cargo pensando no próximo, então meu foco é o Senado”, conclui.
Confira a entrevista na íntegra: