Com exatos 117 anos de história, a Joalherias Gravina é uma das raras empresas centenárias de Ponta Grossa ainda em atividade. Graças aos esforços de quatro gerações de uma mesma família, a empresa contribui com o avanço do município através da geração de empregos e do apoio a diversos projetos sociais. Conheça essa história que começou na Europa, atravessou o oceano e chegou a Ponta Grossa
Por Michelle De Geus
Uma joia eterniza boas lembranças, sejam de grandes momentos, de lugares inesquecíveis ou de boas sensações. Cada peça é carregada de histórias marcantes e fortalece os vínculos entre duas pessoas que se amam. Foram justamente os laços de amor e união de uma família que permitiram que uma das empresas mais icônicas de Ponta Grossa surgissem: a Joalherias Gravina. Com 117 anos de história, a empresa se tornou referência no segmento de joias em toda a região dos Campos Gerais e se destaca pela confecção de joias exclusivas e revenda, pela perícia em pedras preciosas, pelo conserto de todos os tipos de relógios e pelo comércio de armações para óculos.
Filho de um italiano e uma austríaca, Nicolau Gravina nasceu em Curitiba, em 1889. Ele trouxe da Áustria a tradição milenar de produzir peças com design inovador e, aos 13 anos, começou a aprender o ofício de ourives e relojoeiro, incentivado pela sua mãe, que havia mandado buscar na Europa todo o material necessário para o aprendizado. Além de aulas com um de seus tios, Nicolau estudou com grandes mestres da capital do estado. Com muito esforço e aprendizado, ele demonstrou talento nato e começou a se destacar na arte de confeccionar joias. Em 1906, a família se mudou para Ponta Grossa e o jovem abriu uma pequena oficina na rua Fernandes Pinheiro, em frente à Estação Saudade, onde fabricava peças exclusivas e consertava relógios. Nascia aí a Joalherias Gravina. “O meu avô tinha apenas 16 anos quando abriu a loja. Eram tempos difíceis, mas o empreendimento deu certo e a empresa cresceu rapidamente”, recorda Carlos Gravina, neto do empresário e proprietário das filiais da avenida Doutor Vicente Machado e da rua XV de Novembro.
Imóvel icônico
Já estabelecido na cidade, Nicolau se casou com Anita Serafini em julho de 1912 e tiveram cinco filhos: Joanita, Joanino, Carlos, Nair, Laís e Gildo. Logo após o casamento, ele transferiu o empreendimento para a rua Coronel Cláudio, em frente ao portão da antiga Cervejaria Adriática, onde permaneceu até 1927, quando adquiriu um imóvel na histórica rua XV de Novembro, esquina com a rua Augusto Ribas. Foi nesse novo endereço que a Joalherias Gravina fez história em Ponta Grossa.
Naquela época, o icônico imóvel era dividido em duas partes. No piso inferior funcionava a joalheria e no piso superior ficava a residência da família. Durante muitos anos, o badalar do Carrilhão de Ômega, presente suíço instalado na fachada da empresa, ditou as horas mais significativas do dia, com o seu som embalando o ritmo dos ponta-grossenses. Embora tenha sofrido algumas reformas para atender à necessidade de modernização e se adequar ao crescimento da loja, a Joalherias Gravina da rua XV ainda mantém em sua fachada as mesmas características arquitetônicas que marcaram época na cidade.
Quatro gerações
Depois do falecimento de Nicolau, em 1985, após 79 anos dedicados à ourivesaria e à empresa que levava o seu sobrenome, o seu filho Gildo e a esposa Stella Maris deram continuidade à tradição e assumiram os negócios da família. “O meu pai [Gildo] continuou os negócios da família. O amor nos une nessa profissão de desafios, e digo e afirmo que exige muita dedicação e trabalho”, aponta Carlos.
Hoje, o empreendimento é conduzido pelos bisnetos do fundador, quem mantêm vivo o seu legado. Graças aos esforços de quatro gerações da mesma família, a Joalherias Gravina se tornou referência no estado e uma das empresas mais antigas do ramo ainda em atividade.
Tradição preservada
Atualmente, a Joalherias Gravina conta com lojas na rua XV de Novembro, a matriz, e na avenida Doutor Vicente Machado, gerando mais de 25 empregos diretos na cidade. “Hoje estamos otimizando os nossos processos, usando maquinários de última geração, 3D, laser e fundições, mas o trabalho manual permanece como forma de preservar a nossa tradição em peças exclusivas de alta qualidade e com preço justo”, afirma Carlos, reforçando que a empresa tem o compromisso de ofertar joias com o mesmo cuidado e dedicação que antigos ourives tinham no processo de criação de uma peça exclusiva, sempre mantendo as tradições e as características familiares em todo o processo de produção.
Consciência social
O empresário menciona ainda que, além de gerar empregos e contribuir para a economia de Ponta Grossa como um todo, a Joalherias Gravina também apoia diversos projetos sociais ligados ao esporte, educação e formação. “Em 117 anos de amor a Ponta Grossa, a nossa missão é servir a comunidade da melhor maneira possível. Para isso, realizamos trabalhos importantes na área de recuperação e reinserção de pessoas que sofrem de dependência química e de alcoolismo. Ao longo de nossa história, nos preocupamos em participar ativamente da comunidade e apoiar toda a cidade”, destaca.
Novos tempos
Além das lojas físicas, a Joalherias Gravina atende clientes em todo o território nacional por meio de seu site: www.joalheriasgravina.com.br. Lançado em 2020, o “e-commerce” oferece mais de uma centena de peças exclusivas, sempre prezando pela máxima qualidade no atendimento e nos produtos. A empresa conta ainda com fábrica própria, que estuda constantemente novas técnicas e conceitos para desenvolver joias com design inovador e o mesmo cuidado utilizado em tempos passados.