Em seu último ano à frente das celebrações da festa da padroeira da paróquia, o bispo Dom Sergio Arthur Braschi acompanhou a procissão que trouxe a imagem de Sant’Ana da Paróquia Nossa Senhora do Rosário até a Catedral Sant’Ana. Na igreja, aconteceu a missa solene. Muita gente foi para as ruas demonstrar sua devoção à avó de Jesus e padroeira dos avós, tomando também todos os bancos da Catedral. Em uma verdadeira sinergia, crianças e idosos se misturavam na celebração, servindo no altar e no ministério de música, com o coral infantil, e Dom Sergio fez questão de registrar esse feito, enaltecendo o esforço de pais e avós para a continuidade da fé.
Duas crianças coral cantaram belamente o Salmo. Dom Sergio saudou os avós presentes e os que acompanhavam a celebração à distância. “A nossa maior glória é que Jesus nos chama de felizes, de bem aventurados porque, segundo a leitura, veem o que estão vendo e ouvem o que estão ouvindo. Porque muita gente do passado, profetas, reis e até o rei Davi, não viu o que vocês estão vendo. Vendo o próprio Deus feito ser humano caminhando no meio da população, fazendo milagres, ensinando da parte do Pai, na força do Espírito. Especialmente, na Igreja, estamos felizes nós por estarmos vivendo esse tempo de sinodalidade, em que é valorizada a vocação batismal de cada um de nós”, enfatizou o bispo emérito.
Dom Sergio citou que, até a algumas décadas atrás, quando a imprensa perguntava ‘qual a opinião da Igreja?’ iam perguntar para o Papa, para o bispo ou para o padre, achando que a Igreja era o Papa, os bispos ou sacerdotes. “A Igreja somos todos nós. Aprendemos no Vaticano II. Somos esse povo de Deus, peregrino, que tem igual dignidade. Depois, acima do alicerce fundamental que é o nosso batismo, vêm outras vocações: ao ministério ordenado, como diáconos padres, bispo; religiosas e religiosos, em institutos ou congregações femininas e masculino, ou institutos seculares, com as consagrações no meio do mundo. São vocações que vêm sobre o batismo. Como dizia Santo Agostinho, que era bispo, ‘minha glória, minha alegria é, com vocês, ser batizados. Para vós, sou bispo, mas isso é motivo de preocupação, de responsabilidade. O batismo é razão de alegria”, acrescentou o bispo.
Ainda falando sobre continuidade de fé, Dom Sergio citou que Santa Ana e São Joaquim, os pais de Maria, faziam parte do ‘resto’ de Israel, os pobres de Israel, o povo depois do exílio. “Eram os que conservavam a fé e suplicavam, diariamente, a vinda do salvador, do ungido. Perguntaram eles isso de João Batista e depois de Jesus, que viria no meio daquela família”, ilustrou.
Confidência
Comentando um fato que nunca teria confidenciado nesses 21 anos de pastoreio na Diocese de Ponta Grossa, Dom Sergio lembrou que, quando era criança, até entrar no seminário, aos dez anos de idade, e ainda depois, durante uns dois ou três anos, assinava seu nome como ‘Sergio Arthur Santanna Braschi’. Foi nessa época que viu na certidão de nascimento que o nome ‘Sergio’ não tem acento e não aparece o ‘Santanna’. “Era o sobrenome de solteira da minha mãe, que nasceu na Diocese, em Bom Jesus do Sul, perto de Ivaí. Mas, a família não era dali. Meus pais vieram do interior de Santa Catarina, perto de Florianópolis, de Tijucas. Os meus antepassados, no século XIX, não tinham o sobrenome. Eram Passos Duarte. Houve um deles, muito devoto de Sant’Ana, que, certa vez, estava com o filho em uma embarcação e armou uma grande tempestade. O barco começou a fazer água e estava prestes a naufragar. Foi quando pediu a ajuda da santa e conseguiram se salvar. Foi, então, que mandou fazer uma capela em homenagem a Sant’Ana e começou a difundir a devoção. Em pouco tempo, o povo se referia a ele como ‘da Santanna’. O meu avô era Domingos dos Passos Duarte de Santanna”, detalhou.
Segundo Dom Sergio, a mãe não assinava o ‘Duarte’ só o ‘Santanna’. “Contei isso para demonstrar que a devoção a Sant’Ana está na família desse bispo. A ligação com Ponta Grossa já existia, é forte e vem de longe… Como é importante essa tradição que vem dos antepassados. Essa fé existe porque foi transmitida nas famílias pelos tropeiros que passavam por aqui, se estabeleceram e, ao lado dos imigrantes, fizeram a cidade”, destacou, frisando que o município festeja hoje também sua padroeira.
A festa de Sant’Ana este ano teve a volta da quermesse, que funcionou até ontem à noite, com barracas de comida e produtos de artesanato. A quermesse reviveu os antigos festejos que conseguiam reunir toda a população para louvar a avó de Jesus. Pela primeira vez também a Corrida da Padroeira envolveu atletas em percursos de 10 e 5 quilômetros para homenagear a santa. Os momentos religiosos se estenderam por quatro dias, iniciado no dia 22, sempre às 19 horas, envolvendo as paróquias da cidade. Dia 23, o bispo Dom Sergio Arthur presidiu a missa que lembrou os 15 anos da dedicação da Catedral.
Nesta sexta-feira (26), dia da padroeira, às 10 horas, foi realizada a procissão com a imagem de Senhora Sant’Ana, saindo da igreja do Rosário em direção à Catedral, onde aconteceu a Santa Missa. Ao meio-dia, no salão paroquial, houve o almoço de confraternização.
No Lago de Olarias, ainda nesta sexta, foi inaugurado o monumento à Santana. Padre Joel Nalepa representou o bispo da solenidade de entrega.
da assessoria da Diocese de Ponta Grossa