há 3 horas
Giovanni Cardoso

O deputado federal Ricardo Barros (Progressistas) avaliou, em entrevista ao programa Ponto de Vista, da Rede T de Rádios, neste sábado (15), os cenários político-eleitorais no Paraná e no Brasil após a divulgação de levantamentos da Quaest e do Paraná Pesquisas. Ao conversar com o apresentador João Barbiero, Barros comentou tendências, impasses e expectativas para as eleições de 2026.
Ao analisar o resultado da pesquisa nacional, Barros afirmou que setores da direita enfrentaram desgaste recente. Segundo ele, episódios envolvendo Eduardo Bolsonaro e manifestações com símbolos norte-americanos criaram ruídos para o campo conservador. “Aquele erro grosseiro cometido pelo Eduardo Bolsonaro, de puxar o tarifaço para ele como sua conquista contra o governo Lula, e aquela bandeira dos Estados Unidos na Avenida Paulista… aquela sucessão de erros que a direita cometeu”, declarou.
O deputado também mencionou que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro contribuiu para um “fôlego” momentâneo para o governo Lula. No entanto, Barros avalia que esse efeito se dilui rapidamente. “Retorna a reprovação do governo Lula em alta e retorna o pensamento do brasileiro em opções”, afirmou.
Para ele, o desgaste da polarização abre espaço para nomes da direita que não estejam diretamente ligados ao ex-presidente. “Há um cansaço da polarização entre direita e esquerda” e cresce a possibilidade de “uma opção da direita que não seja Bolsonaro”.
Barros destacou ainda que a economia será o fator decisivo no próximo pleito. “O eleitor numa eleição nacional é movido pelo próprio bolso. Não tem direita, esquerda, não tem nada disso [...] Vejo que a eleição do ano que vem se decida por nenhuma ação dos próprios candidatos. Vai se decidir pela conjuntura econômica do momento", declara.
Ao comentar o cenário estadual, Barros detalhou a situação da federação entre Progressistas e União Brasil, que, segundo ele, enfrenta resistência em vários estados e ainda não foi enviada ao TSE. No Paraná, o deputado reconhece um desacordo aberto: “O senador já se reuniu com todos os nossos deputados, nossas lideranças, e não converteu ninguém a seu favor”.
Barros reafirmou que o Progressistas pretende lançar Cida Borghetti, enquanto o União Brasil aposta em Sergio Moro. “A nossa convenção vai de Cida Borghetti, a convenção deles vai de Moro, e aí vai recorrer à Nacional.” Ele reforçou que o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, manifestou que respeitará a decisão do Progressistas no Paraná.
Segundo Barros, se o impasse persistir, a federação pode ficar sem candidatura majoritária no estado e disputar apenas a chapa proporcional.
Sobre o futuro da candidatura de Sergio Moro, Barros foi direto: “Se ele quiser ser candidato, vai ter que sair do União Brasil ou conquistar o Progressistas". "Apesar de ter se disposto a dialogar com todo mundo, a conversa não tem sido profíqua", avalia o parlamentar.
Segundo o parlamentar, o senador tem dificuldade em mobilizar lideranças porque “é o candidato da antipolítica”. Barros afirma ainda que Moro acredita poder repetir a eleição para o Senado, quando venceu sem apoio de prefeitos, deputados, do governador e até do então presidente. “Ele pensa que vai repetir o mesmo processo do Senado Por isso se desinteressa por engajamento das lideranças políticas”, disse, complementando que o pleito ao governo do Estado exige outra estratégia.
Perguntado sobre os demais pré-candidatos ao governo — como Alexandre Curi, Guto Silva, Roberto Requião Filho e Rafael Greca —, Barros afirmou que “a pesquisa mostra claramente que o ex-prefeito de Curitiba é o mais competitivo”. Ele acrescentou que a aprovação do governador Ratinho Junior fortalece qualquer nome apoiado por ele. “Qualquer um é viável; a diferença entre eles fica em dois, três pontos.”
O deputado também relembrou que Ratinho Junior ainda não definiu se concorrerá à Presidência da República. Caso permaneça até o fim do mandato, deve exercer influência direta na escolha de seu sucessor.
Sobre o comportamento dos prefeitos no período pré-eleitoral, Barros explicou que a proximidade com o governo estadual deve continuar enquanto houver disponibilidade de convênios e repasses. “Eles precisam de recursos para seus municípios”, disse. Para ele, o engajamento político depende da percepção de que haverá espaço para cada liderança caso o grupo vença.